Acho que ninguém tem o direito de se meter nas escolhas dos outros.
Se os pais de uma criança querem que ela seja usuária do Implante Coclear. Os pais estão no direito deles e NINGUÉM deve interferir.
Se um adolescente, jovem, adulto ou idoso optam pelo Implante Coclear eles estão no direito deles.
O mundo é cheio de SONS. Nossa primeira língua oficial do Brasil é a lingua portuguesa.
Se comunicar com as pessoas sem depender de outros torna a vida muito mais fácil.
O Implante Coclear tem tornado a vida de milhares de pessoas mais fácil e mais feliz.
Se alguém é contra o Implante Coclear. Não opere, e deixa que os outros decidam por si mesmo. Simples assim?
Agora querer impedir os outros de ouvir é um absurdo. Cada um tem suas escolhas.
Escolha o que for melhor para você. Para os outros deixem que eles escolhem.
"Sou surdo. Mas minha alma é ouvinte"
Minhas escolhas sou EU quem faço e ter optado pelo IC foi sem duvida uma das melhores escolhas que fiz na vida.
Marcelo de Paula
O Implante Coclear mudou a minha vida, me trouxe de volta ao mundo dos sons e me apresentou sons que eu até antes desconhecia
domingo, 16 de agosto de 2015
domingo, 15 de março de 2015
3 ANOS DO IMPLANTE COCLEAR BILATERAL
Em 15 de março de 2012 foi o dia em que foi realizada a minha segunda cirurgia de Implante Coclear
A primeira cirurgia tinha sido realizada há exatos 232 dias antes (27/julho/2011)
E exatamente hoje comemoro 3 anos do Implante Coclear bilateral.
Lembro que naquela época, havia pouquíssimos adultos que eram usuários de Implante Coclear bilateral. Mas isso era o de menos, eu queria a todo o custo operar também o outro lado.
E os resultados apareceram rapidamente, não assim tão rápido, mas como eu não criei muitas expectativas os resultados me surpreenderam
foram muitas vantagens que tive como por exemplo:
*Melhor localização dos sons
*Melhor compreensão da fala
*Mais confiança, já que estava ouvindo melhor
*Quando acabava a bateria de um IC, o outro estava funcionando e eu posso trocar a bateria sem interromper uma conversa
Entre essas que percebi, há ainda muitas outras vantagens, como se por exemplo um IC danificar, posso ter o outro ainda funcionando e não ficaria totalmente sem ouvir.
Mas por outro lado tem os custos financeiros que dobram. E isso é uma questão a ser pensada. Mas se vale a pena, somente o tempo vai poder dizer. Agora no meu caso, deu super certo. Me sinto completo quando estou com os ICs
Hoje pra comemorar o 3° ano da cirurgia bilateral, estive com minha amiga Carla no estádio do Palmeiras. Ela usou o sistema ROGER PEN o tempo todo o que fez com que eu compreendesse super bem em um ambiente pra lá de barulhento. Hoje não sou tão fanático por futebol, mas conhecer o estádio era um sonho antigo que já durava mais de 22 anos. E enfim o sonho foi realizado. Não tem como explicar essa emoção. Feliz demais! Pelos 3 anos de IC, pela ida ao estádio e por ter pessoas maravilhosas ao meu lado.
segunda-feira, 9 de março de 2015
MAPEAMENTO, PORQUE FAZER?
Olá galera!
Algo muito importante é a gente fazer o mapeamento, depois das programações da fono, a gente precisa voltar ao menos uma vez por ano. E tem muita gente que fica esperando a fono ligar ou mandar um e-mail. Mas não é bem assim galera. O mapeamento é importante fazer todo ano, ver se esta tudo bem, e quem sabe mudar alguma programação. O Implante Coclear é ótimo e essas programações pode ajudar muito mais, depende também como é o seu dia-a-dia,
Eu sempre converso com minha fono sobre o ambiente sonoro em que vivo e ela faz sempre programas muito bons, estou sempre satisfeito.
Então você que esta a mais de um ano sem fazer o mapeamento, tente agendar, tente ver se esta tudo bem.
Aqui abaixo foi minha fono que escreveu, Sou usuário do IC no OD desde 15/março/2012 (Ativação em 10/ abril) e no OE desde 27/julho/2011 (Ativação 23/agosto)
Marcelo, cada consulta que você vem fico feliz com a sua evolução! A sua audiometria mostra a audição dentro da normalidade com o uso dos processadores de fala em ambas as orelhas!
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
EU MARCELO, UM SURDO NA FACULDADE.
Tá legal, o titulo não é grande coisa, mas vamos ao que
interessa.
Quando perdi a audição em 1995, vi meu mundo
desmoronar. NINGUÉM me diminuiu por EU
ter me tornado um SURDO. O mundo continuou o mesmo, fez sol de manhã e a noite
veio a lua, as pessoas continuaram com seu cotidiano e os passarinhos
continuaram assobiando. Ei, para ai
filho! Agora pegou pesado. Eu ouvia e não ouço mais. Bom, agora complicou tudo.
O que será de mim? Não ouço nada, e meus sonhos? Coloco na gaveta? Desisto deles?
Mas como assim? Sou tão jovem? Tenho só nove anos, EU QUERO OUVIR, QUERO VIVER!
E passando alguns meses após a minha DESCOBERTA da minha
surdez, meus pais cogitaram a vender a casa para eu poder ter os dois AASI, na
época estava caro e para meus pais, um casal jovem, com quatro filhos pequenos.
Por sorte a família e amigos ajudaram financeiramente e rápido pude ter meus
dois AASI, lindos e apaixonados. Recebi o aparelho em março de 1996, com nove
anos nessa época, e voltei para a escola.
Em 1995 eu havia sido reprovado, o
motivo claro, A SURDEZ, meu rendimento caiu naquele ano e chegou ao ponto de
ser preciso fazer tudo de novo... Mas em 1996 lá estava eu com meus aparelhos e
por questão de sobrevivência aprendendo a LEITURA LABIAL. Tá legal, NINGUÉM ME DISSE QUE SERIA
FÁCIL. Mas... Ninguém sabe a força que há dentro de cada um
de nós. Nossos limites é a gente mesmo que escolhe.
Fui um bom aluno, muitas vezes fui considerado um CDF (bom
hoje nem chego perto). E sempre fui me destacando na escola, perguntava para o
professor quantas vezes fosse preciso, isso até eu entender. E foi assim, até eu me formar no ensino médio
no ano 2003, então com 18 anos. Bom, ai
depois disso... Fiz alguns cursos, foi bacana aprender muita coisa nova. Mas
sempre tive que focar na leitura labial, já que no meu caso com surdez profunda
os AASI não ajudavam muito.
Então com um curriculum bacana e alguns cursos, eu quis dar
uma parada nos estudos, estava feliz e tranquilo, mas mesmo assim, muitos amigos e pessoas
próximas, me perguntavam: E faculdade Marcelo? Quando você vai fazer a
faculdade? E o meu medo era esse: EU ME ESCONDI NA SURDEZ. Imagina só, uma
classe com 80 ou 100 alunos, talvez até mais. E eu surdo. Ah, esquece, não vou
jogar dinheiro fora não. Mas eu
prometi para mim, que se um dia eu estivesse ouvindo bem com algum aparelho, eu ia encarar a faculdade. Dito e feito, em
julho/2011 fiz a primeira cirurgia do Implante Coclear e em março/2012 fiz a
segunda. E agora ouvindo legal, EU não
teria desculpas para ir para a faculdade.
Meses depois me inscrevi para a faculdade. A principio fiz o primeiro
semestre no curso de administração. É um curso muito bacana. Mas meu coração
pediu para eu entrar em outra área e sem duvidas entrei para o curso de
Propaganda e Marketing, sou apaixonado por isso.
Na faculdade tenho interprete de LIBRAS, é fantástico ter
esse apoio, já que numa sala LOTADA não consigo acompanhar os debates feito em
sala de aula, e nem todos os professores tem uma voz de fácil compreensão.
Então valorizo muito o papel da minha interprete de LIBRAS. Sempre dando o
suporte. E essa semana especialmente comecei a usar o ROGER PEN FM, fiz uma
postagem no meu perfil do Facebook e quero compartilhar aqui com vocês
EMOÇÃO EM SALA DE AULA
Perdi a audição em 1995 aos 8 anos...
De lá para cá usei alguns modelos de AASI durante 16 anos.
Há 3 anos e meio uso o Implante Coclear e há 3 dias estou usando o ROGER PEN
FM.
Hoje. Exatamente hoje, na aula do professor Mario Galvão eu
quis sentar no fundo da classe. Tive uma emoção forte. Pode parecer bobagem,
mas para mim, foi como um grito de LIBERDADE.
Parece que o ROGER PEN FM foi um presente que me dei para eu
"comemorar" esses 20 anos de surdez. A felicidade em acompanhar uma
aula mesmo sentado lá no fundo, não cabem nas palavras.
Agora que já não estou dentro da sala. As lagrimas estão
rolando. Quase 20 anos de surdez e hoje pude sentir aquele gosto especial de
sentar no fundão e continuar ouvindo. Algo que eu achava que nunca ocorreria.
Atualmente estou no 5° semestre, quase terminando a
faculdade. (mais dois anos, o que passa rápido) Adoro meu curso, e tenho
professores incríveis, gosto de todos (Ei! Não estou pedindo nota não viu)
também estudo com alunos incríveis e sei que posso contar com eles (Adoro vocês
galera!)
E hoje posso dizer
que o medo de realizar um sonho é nosso. A gente tem que enfrenta-los e não
arranjar desculpas. Temos sempre que buscar o melhor e nunca desistirmos
daquilo que queremos ser. A deficiência auditiva não pode nos impedir de
realizar nosso sonho, quem decide isso somos nós.
Marcelo de Paula
domingo, 1 de fevereiro de 2015
EU JÁ FUI UM ANTI-IC
O titulo ás vezes pode parecer assustador né?
Mas relaxa, os tempos são outros, as pessoas mudam...
Mudam??? Como assim mudam??? Cada um tem a sua opinião.
Sim, as pessoas mudam, cada um sabe o que é melhor para si
E se forem crianças, os pais ou responsáveis vão escolher o que acharem melhor
Seja ensinar um surdo a oralização, seja através da escrita ou seja através da LIBRAS
Eu nasci ouvinte e aos 8 anos fiquei surdo...
Comecei a usar os dois AASI em março/1996, tudo bem que não era grande coisa, mas ajudou bastante. Cresci como qualquer pessoa, como direitos e deveres, e cumprindo todas as minhas obrigações.
Estudei, trabalhei, fiz o que as pessoas fazem.
A unica diferença é que sou SURDO, sim, EU SOU SURDO, e dai? Isso não pode ser uma limitação para mim.
Então com os AASI eu fui crescendo (Os surdos também crescem) a minha comunicação era baseada em 50% de leitura labial e 50% de audição com o AASI, se eu estivesse apenas com o AASI e não fazer leitura labial, não entendia nada, e se fosse só leitura labial, sem o AASI de nada eu aproveitaria. E foi usando essa dupla dinâmica AASI+Leitura Labial que eu cresci na vida.
Aos 16 anos eu entrei para uma ONG e conheci dezenas de surdos que usavam LIBRAS. E lá fui eu me "enturmar" conquistei de cara a simpatia e o respeito dessa galera e já comecei a aprender LIBRAS, foi super bacana e uso até hoje em certas ocasiões.
Mas espere! Que texto mais confuso. Sim, agora eu conto aqui pra você leitor, eu NÃO queria o Implante Coclear NÃO QUERIA MESMO. Que papo é esse de "cortar a cabeça" para colocar um aparelho, se hoje temos o AASI???
Pois bem, o tempo vai passando e tudo vai evoluindo, e a gente sempre vai querer o melhor. E eu que já estava com meu 3° dupla de AASI queria comprar um novo, mais moderno e que eu poderia ouvir melhor... Ai testo um, testo outro, outro, outro e nada... Esquece esse papo Marcelo, você é surdo e pronto, não tem aparelho pra você... Ai pensei. E a cirurgia do Implante Coclear, por que não testar? Se não der certo, não vou perder nada mesmo. Sei libras, sei escrever e tenho muitos amigos, se são meus amigos de verdade, eles vão continuar me amando. independente de eu fazer a cirurgia ou não.
Foi então em em 2010, cansado de esperar um AASI moderno para mim, eu optei pelo Implante Coclear. Meus pais e amigos foram contra. Mas quer saber? Eu já era grande para decidir o que eu queria para mim, e meu objetivo era ouvir melhor, mesmo que fosse apenas 1% e encarei essa aventura sem medo, afinal eu não tinha nada a perder
Eu era uma pessoa que era contra o Implante Coclear e me tornei uma pessoa perdidamente apaixonada por essa tecnologia, pode parecer loucura, e na verdade eu acho que é. Já são 3 anos e meio que operei e não tenho duvida nenhuma: Eu faria tudo de novo.
O tempo muda e gente decide o que é melhor.
Fui feliz em todas as minhas escolhas.
"Com o tempo a gente sabe o que é melhor para gente, eu não tive medo de procurar aquilo que eu achava que não daria certo. E mesmo muita gente torcendo contra e fui em frente. Entrei de cabeça, Claro que não tive muitas expectativas. Mas tudo que eu mais queria era ouvir melhor. Mesmo que fosse apenas 1%"
Mas relaxa, os tempos são outros, as pessoas mudam...
Mudam??? Como assim mudam??? Cada um tem a sua opinião.
Sim, as pessoas mudam, cada um sabe o que é melhor para si
E se forem crianças, os pais ou responsáveis vão escolher o que acharem melhor
Seja ensinar um surdo a oralização, seja através da escrita ou seja através da LIBRAS
Eu nasci ouvinte e aos 8 anos fiquei surdo...
Comecei a usar os dois AASI em março/1996, tudo bem que não era grande coisa, mas ajudou bastante. Cresci como qualquer pessoa, como direitos e deveres, e cumprindo todas as minhas obrigações.
Estudei, trabalhei, fiz o que as pessoas fazem.
A unica diferença é que sou SURDO, sim, EU SOU SURDO, e dai? Isso não pode ser uma limitação para mim.
Então com os AASI eu fui crescendo (Os surdos também crescem) a minha comunicação era baseada em 50% de leitura labial e 50% de audição com o AASI, se eu estivesse apenas com o AASI e não fazer leitura labial, não entendia nada, e se fosse só leitura labial, sem o AASI de nada eu aproveitaria. E foi usando essa dupla dinâmica AASI+Leitura Labial que eu cresci na vida.
Aos 16 anos eu entrei para uma ONG e conheci dezenas de surdos que usavam LIBRAS. E lá fui eu me "enturmar" conquistei de cara a simpatia e o respeito dessa galera e já comecei a aprender LIBRAS, foi super bacana e uso até hoje em certas ocasiões.
Mas espere! Que texto mais confuso. Sim, agora eu conto aqui pra você leitor, eu NÃO queria o Implante Coclear NÃO QUERIA MESMO. Que papo é esse de "cortar a cabeça" para colocar um aparelho, se hoje temos o AASI???
Pois bem, o tempo vai passando e tudo vai evoluindo, e a gente sempre vai querer o melhor. E eu que já estava com meu 3° dupla de AASI queria comprar um novo, mais moderno e que eu poderia ouvir melhor... Ai testo um, testo outro, outro, outro e nada... Esquece esse papo Marcelo, você é surdo e pronto, não tem aparelho pra você... Ai pensei. E a cirurgia do Implante Coclear, por que não testar? Se não der certo, não vou perder nada mesmo. Sei libras, sei escrever e tenho muitos amigos, se são meus amigos de verdade, eles vão continuar me amando. independente de eu fazer a cirurgia ou não.
Foi então em em 2010, cansado de esperar um AASI moderno para mim, eu optei pelo Implante Coclear. Meus pais e amigos foram contra. Mas quer saber? Eu já era grande para decidir o que eu queria para mim, e meu objetivo era ouvir melhor, mesmo que fosse apenas 1% e encarei essa aventura sem medo, afinal eu não tinha nada a perder
Eu era uma pessoa que era contra o Implante Coclear e me tornei uma pessoa perdidamente apaixonada por essa tecnologia, pode parecer loucura, e na verdade eu acho que é. Já são 3 anos e meio que operei e não tenho duvida nenhuma: Eu faria tudo de novo.
O tempo muda e gente decide o que é melhor.
Fui feliz em todas as minhas escolhas.
"Com o tempo a gente sabe o que é melhor para gente, eu não tive medo de procurar aquilo que eu achava que não daria certo. E mesmo muita gente torcendo contra e fui em frente. Entrei de cabeça, Claro que não tive muitas expectativas. Mas tudo que eu mais queria era ouvir melhor. Mesmo que fosse apenas 1%"
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Porque não?
Olá galera! Paz e bem!
Hoje de manhã recebi essa mensagem:
"Bom dia Marcelo! Sou ouvinte, não tenho nenhum parente surdo Mas muitos amigos surdos. Desde criança queria estudar LIBRAS.. Minha mãe não deixou... bem, há um ano estudo libras, tenho amigos surdos e não entendo porque eles não aceitam o IC. Bem, envio essa mensagem para parabeniza-lo por estimular e animar tantas pessoas a avançarem e acreditarem que ouvir também é muito bom e que poderão continuar a usar a Libras.. Quero muuuito ser interprete e ensinar crianças...contar historias em libras também. Um abraço e Deus te abençoe."
Bom, primeiramente fico muito feliz em trazer essa mensagem para o blog, e sabemos sim dessa duvida de aceitação. Bom, cada um de nós somos livres para fazermos nossas escolhas.
Há aqueles que nasceram surdo e cresceram assim, muitas vezes pode ser difícil aceitar entrar no mundo dos sons, afinal, já estão acostumados com o silêncio que qualquer barulho pode incomodar
Outros tem aquela vontade de ouvir, aquela curiosidade e acabam procurando pelo Implante Coclear ou então pelo AASI (Aparelho de Amplificação Sonoro Individual)
Há também aqueles que acreditam em boatos que podem vir a acontecer, mas acredito que para optar pelo Implante Coclear a pessoa vai ter o conhecimento e receber orientações da equipe médica
Sobre aprender LIBRAS eu acho maravilhoso, eu aprendi em 2003 e gosto muito (inclusive na faculdade eu tenho uma interprete de LIBRAS) também ajudo interpretar nas missas (um trabalho voluntário)
Acho que todos temos o direito de ouvir, acho isso tão gostoso, mas podemos valorizar também o silêncio, que através dele aprendemos outras coisas.
Sobre o fato de aprender LIBRAS, espero que siga em frente com esse sonho. Mas que todos saibam que existe hoje a tecnologia que podemos usar a nosso favor, como os aparelhos de audição e implantes cocleares. Enfim, cada um faz suas escolhas, mas o mais importante é a comunicação e "Implante Coclear e LIBRAS podem sim caminhar de mãos dadas"
Abraços a todos!
Hoje de manhã recebi essa mensagem:
"Bom dia Marcelo! Sou ouvinte, não tenho nenhum parente surdo Mas muitos amigos surdos. Desde criança queria estudar LIBRAS.. Minha mãe não deixou... bem, há um ano estudo libras, tenho amigos surdos e não entendo porque eles não aceitam o IC. Bem, envio essa mensagem para parabeniza-lo por estimular e animar tantas pessoas a avançarem e acreditarem que ouvir também é muito bom e que poderão continuar a usar a Libras.. Quero muuuito ser interprete e ensinar crianças...contar historias em libras também. Um abraço e Deus te abençoe."
Bom, primeiramente fico muito feliz em trazer essa mensagem para o blog, e sabemos sim dessa duvida de aceitação. Bom, cada um de nós somos livres para fazermos nossas escolhas.
Há aqueles que nasceram surdo e cresceram assim, muitas vezes pode ser difícil aceitar entrar no mundo dos sons, afinal, já estão acostumados com o silêncio que qualquer barulho pode incomodar
Outros tem aquela vontade de ouvir, aquela curiosidade e acabam procurando pelo Implante Coclear ou então pelo AASI (Aparelho de Amplificação Sonoro Individual)
Há também aqueles que acreditam em boatos que podem vir a acontecer, mas acredito que para optar pelo Implante Coclear a pessoa vai ter o conhecimento e receber orientações da equipe médica
Sobre aprender LIBRAS eu acho maravilhoso, eu aprendi em 2003 e gosto muito (inclusive na faculdade eu tenho uma interprete de LIBRAS) também ajudo interpretar nas missas (um trabalho voluntário)
Acho que todos temos o direito de ouvir, acho isso tão gostoso, mas podemos valorizar também o silêncio, que através dele aprendemos outras coisas.
Sobre o fato de aprender LIBRAS, espero que siga em frente com esse sonho. Mas que todos saibam que existe hoje a tecnologia que podemos usar a nosso favor, como os aparelhos de audição e implantes cocleares. Enfim, cada um faz suas escolhas, mas o mais importante é a comunicação e "Implante Coclear e LIBRAS podem sim caminhar de mãos dadas"
Abraços a todos!
sábado, 6 de dezembro de 2014
Voltar a viver???
Hoje uma garotinha de 10 anos, filha de uma amiga me perguntou: "Marcelo, como foi ficar surdo?" e após eu responder ela ainda questionou: "E depois que você voltou a ouvir, você voltou a viver?"Apesar de minha surdez ter sido descoberta apenas em 1995 quando tinha de 8 para 9 anos eu ainda me questiono o porque da minha surdez, porque EU? O que EU fiz para merecer isso? E essa pergunta pode sim ter muitas respostas, e para mim a mais aceitável é: "Um propósito". Mas deixando isso de lado, que agora não interessa mesmo. Eu paro para refletir como foi ficar surdo? Como foi ficar surdo Marcelo? Como foi ficar surdo? E essa pergunta que me martela a cabeça "Como foi ficar surdo???" Lembro que no segundo semestre de 1995 eu então na 3° série do ensino fundamental, até era um bom aluno, tá legal que minhas notas não eram das melhores mas... foi nesse ano que meu rendimento caiu, foi quando eu parei de prestar atenção nas aulas... Afinal minha audição estava em "queda livre" e eu era apenas uma criança. Uma criança com a vida toda pela frente, com muitos sonhos, planos e objetivos. E agora eu era uma criança que estava deixando de ouvir, sim! Como foi ficar surdo, me fez voltar ao passado e lembrar daquele final de ano de 1995. Quando ouvia várias piadinhas por não entender o que os amigos diziam, ou quando levava bronca de alguns adultos por acharem que eu estava fazendo graça e fingindo não ouvir. Como foi ter ficado surdo? Foi deixar de ouvir as musicas por qual eu era apaixonado, foi deixar de falar ao telefone, foi deixar de ouvir os sons do dia a dia, o cantar dos pássaros e muitos outros sons. Como foi ter ficado surdo? Para mim, uma criança de 9 anos, foi um choque de realidade, foi ver meu mundo desmoronar, e agora? Porque EU? Mas por sorte em pouco mais de 6 meses após ter confirmado a minha surdez profunda bilateral eu já estava usando um par de AASI (Aparelho de Amplificação Sonoro Individual) e foi através dele que eu continuei a viver, naquele ano de 1995 eu fui reprovado na escola, afinal, não consegui ter aprendido o suficiente. E no ano de 1996 eu já era um outro Marcelo, estava com os dois aparelhos e começando tudo de novo, não foi fácil, não foi escolha minha, mas eu estava lá. Sempre olhando para as pessoas que falavam comigo e focando muito na leitura labial. Apesar da dificuldade do dia a dia, eu me dava bem com tudo, me formei, comecei a trabalhar, tive amizades. Mas o que eu mais queria mesmo era ouvir melhor, e foi então em 2010 que eu comecei a pesquisar sobre o Implante Coclear. E em julho/2011 eu fiz a cirurgia, e respondendo a segunda pergunta vou além, eu já vivia, mas com o Implante Coclear eu tenho ainda mais gosto pela vida. O prazer de ouvir é enorme, ouvir as pessoas falando comigo, me chamando, ouvir sorrisos, passos, ouvir o cantar dos pássaros, o vento a cachoeira são emoções que não da para explicar. Para mim isso é uma felicidade enorme. Ouvir me faz muito mais feliz, muito mesmo!
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